Quando pensei que eu iria
mesmo entrar em um vestido de noiva, a primeira coisa que pensei foi: “Ih! Sou
diabética”. Calma, deixa eu explicar.
Eu sou diabética, usuária de
bomba de insulina e do sensor FreeStyle Libre, que são duas tecnologias que
mudaram minha vida e a forma como eu me trato. Aprendi com o tempo a ter
orgulho de cada um desses dispositivos. Falo com todas as letras que eu não
tenho vergonha alguma deles. Mas quando pensei em mim, vestida de noiva, em um
dos momentos mais importantes da minha vida, a primeira certeza que tive é que
o diabetes não precisaria ser o protagonista da noite, e sim, a Nayama.
Então, 1 mês antes de meu
casamento, marquei uma consulta com minha endócrino e disse a ela que eu não
queria usar a bomba e nem o Libre no dia do meu casamento, porque eu havia
escolhido um vestido mais justo no corpo e eu não teria onde prender a bomba
nele.
Minha endócrino ficou
simplesmente chocada comigo, porque segundo ela, eu estaria abandonando o melhor
tratamento, em meu momento mais estável, em um dia muito importante em que a
preocupação com a glicemia deveria ser mínima.
Eu choraminguei um pouco, porque
ela foi bem firme ao me dizer isso. Mas juntas, conversamos e decidimos pelo melhor
caminho. E claro, o melhor caminho era o que ela havia sugerido desde o início.
Os amigos mais próximos, que estão acostumados a ver o sensor Libre no meu braço e sabem que eu uso bomba, estranharam ao me ver no casamento aparentemente sem nenhum dos dois.
Por isso, vim aqui mostrar
para vocês onde eu “escondi” a bomba e o Libre no meu grande dia.
Apesar de eu não ter mais
neuras quanto a deixar a mostra o sensor e o cateter, no casamento, eu queria
que tudo fosse perfeito: tanto as glicemias, quanto as fotos. Como fazer para
ter os dois?
O truque foi escolher o
vestido e o lugar certo para colocar a bomba e sensor. Ok, o vestido eu escolhi
sem pensar onde eu iria colocar eles, mas depois que o vestido estava
escolhido, foi ideia da minha endócrino colocar ambos na perna, na parte onde o
vestido, que era um modelo mais colado ao corpo, começa a abrir.
Como o vestido era um modelo ‘sereia’, ou seja, justo até o joelho e depois ele abria até os pés, o lugar ideal para utilizar era a perna.
Ela me sugeriu colocar uma joelheira e adaptar um furo para encaixar o clipe da bomba em uma perna. Na outra perna, eu poderia colocar o Libre. Apesar da fabricante Abbott indicar somente a parte traseira do braço para usar o Libre, com o aval da minha médica eu me senti mais segura de utilizar em outro local, como na perna.
Saí da consulta e fui direto
na farmácia, procurar a tal joelheira e acabei encontrando um suporte de
compressão para panturrilha, de noeprene, que custou R$25,00. Foi perfeito! Era exatamente isso que
eu precisava e era bem mais barato que a joelheira.
A bomba encaixou direitinho,
não marcou no vestido e tinha “fácil acesso”, ou seja, eu não precisava ir ao
banheiro para aplicar insulina, ali mesmo no meio da festa eu colocava o pé na
cadeira e dá-lhe insulina para os drinks kkkkk
Comi e bebi a noite inteira, bem controlada, e o leitor do Libre ficou no bolso da calça do meu marido.
Para tudo nessa vida a gente
dá um jeito, e não é porque eu aceito bem a condição de diabética com todo os
insumos, que eu não possa querer escondê-los às vezes, em datas especiais, por
exemplo. Isso é completamente normal e permitido! Da mesma forma, já fui em
vários eventos com ambos expostos, tanto Libre quanto bomba.