Uma diabética no frio do Chile
outubro 18, 2017
Mais um destino de uma
diabética viajante: Chile.
Peguei minha malinha e parti
para o Chile, com o objetivo principal de conhecer neve!
Eu nunca havia conhecido neve,
geralmente as viagens que faço são para lugares quentes ou em épocas quentes,
como no verão, por exemplo. Por isso, o sol é sempre um companheiro de viagem.
Fui para o Chile na primeira
semana de outubro, na primavera, ou seja, fora da temporada de neve no local,
que acontece no inverno, principalmente nos meses de julho e agosto. Cruzei os
dedos e contei com a sorte de chover na Cordilheira dos Andes um dia antes da
data de minha viagem. Assim, saí de casa com a certeza de que veria neve, e vi!
Nessa viagem, tive mais um
companheiro: o Libre. Foi a primeira vez que viajei para fora do país com o
Libre. Em 2015 viajei com o Enlite, mas com o Libre era a primeira vez.
Levei meu kit de sobrevivência
de sempre: dois frascos de insulina com gelo reutilizável dentro da bolsinha
térmica, 8 unidades do conjunto de infusão (cateter), 8 reservatórios,
aplicador, uma cartela de pilha AAA, seringas e um sensor novo do Libre. Isso tudo para ficar no país por 7 dias. Levei
tudo na mala de mão e passei pela imigração sem problema algum. Na bandeja,
antes de passar pela porta de detector de metais, sempre deixava meu celular,
passaporte, relógio e o aparelho leitor do Libre. Bomba e Libre ligados e
funcionando o tempo todo.
De BH a Santiago devo ter
gasto mais ou menos umas 8 horas de viagem. Então a insulina sobreviveu de boa,
até porque eu já tinha passado por uma experiência de 9 horas de viagem de BH a
Brasília, que se você ainda não leu, é só clicar nesse link aqui.
Do avião, avistei a
Cordilheira dos Andes, coberta de neve! Chegando em Santiago, o clima era
outro, apesar de estarmos na primavera, fazia muito frio pela manhã e à noite,
e na parte da tarde era um calor danado.
Dia 1: conhecer neve! Hahaha.
Já que o objetivo era esse, por que postergar, não é?! Fomos a duas estações de
esqui, que estavam fechadas, já que, como eu disse, a temporada já havia
passado. A primeira parada foi Valle Nevado, que foi onde aconteceu o real
contato com a neve.
Estava parecendo o boneco da
Michelin, por causa dessa roupa impermeável própria para a neve. Rodeada de
neve, branquinha e congelante, eu estava sentindo um calor insuportável.
Parecia que o sol estava mais perto, que estava refletindo na neve branca e
queimando meu rosto, não sei o que aconteceu, mas a minha vontade era de
colocar um biquíni e estender uma canga bem ali, naquele monte de neve.
Em Farellones, passamos rapidamente, pois a estação realmente estava fechada :(
Reparem que o calor já tinha tomado conta do meu ser e eu já estava de blusinha de manga curta.
Objetivo: cumprido!
Nos dias 2 e 3 conheci o
centro de Santiago e seus cerros (morros) com mirantes belíssimos.
O dia 4, ahhh o dia 4 foi
especial. Conheci um lugar que criou raízes eternas em minha memória. Um dos
lugares mais bonitos que já tive o prazer de ver pessoalmente, uma vista
incrível, de encher os olhos: Cajón del Maipo.
Só isso, só essa vista, já me
bastaria para ficar feliz. Mas eu e meu noivo decidimos fazer nossas fotos de
“Save the Date” neste local. E olha, elas ficaram incríveis! (em primeira mão aqui no blog)
E como se tudo já não tivesse
sido perfeito o suficiente, ainda tivemos um piquenique ao final do passeio.
Confesso que tive dificuldades para fazer a contagem de carboidratos: tomei
duas taças de vinho, comi uns doritos, salaminho, umas batatinhas chips, uns biscoitinhos
com patê. Enfim, foi no “achômetro” mesmo. Mas aqui são somente 10 anos de
experiência em contagem de carboidratos, então dá uma olhada nesse antes-depois
da glicemia:
Observação extra: esse foi o
dia mais frio de toda a viagem. Quando olhei no celular, estava marcando 9ºC, mas tenho certeza que deve ter feito uns 6ºC ou menos. No início,
cada pedacinho do corpo parecia congelado, principalmente o rosto. Depois, eu
acabei me acostumando com a temperatura. Mas nem o frio atrapalhou a
experiência de viver esse dia incrível.
Também conheci lugares lindos
como Valparaíso e Viña del Mar, cidades do litoral do Oceano Pacífico:
Visitei a vinícola Concha y
Toro:
Jantei no restaurante
Giratório - outra experiência incrível, o restaurante fica no 18º andar de um
prédio que tem uma vista de 360ºC para a cidade de Santiago. O mais legal é que
o restaurante gira, bem devagar, enquanto a gente janta e contempla a paisagem.
A gente começa a jantar em um ponto do restaurante e termina do lado oposto.
Falando em vista, visitei
também o Sky Costanera, que é o prédio mais alto da América Latina. Vi o pôr do
sol e as luzes da cidade se acendendo. #whataview
Com o Libre, foi muito fácil
controlar o diabetes, ainda que eu não soubesse ao certo a quantidade de
carboidratos de tudo que eu comi durante a viagem, eu sempre conseguia me guiar
pelo gráfico de tendências do Libre. Gente, sério, o Libre é vida!!! O fato do país ser frio, não alterou em nada minha rotina ou a aplicação da insulina (não dói mais porque a temperatura está mais fria) e nem a própria insulina (não congela, não fica turva, nada disso acontece).
Mais um carimbo no passaporte
e mais uma enxurrada de memórias vividas. Termino esse textão com a certeza de
que o diabetes não nos limita!
3 comentários
Gostaria de saber mais sobre a imigração com deus medicamentos e agulhas, tinha receita medica 8indicando a quantidade ou do indicando que você é diabética ?
ResponderExcluirOi Maria Eduarda, tudo bem?
ExcluirA imigração é super tranquila, nunca tive problemas. Levo comigo as duas coisas que você perguntou: um relatório, em português e inglês, escrito por minha médica atestando que tenho diabetes (ele começa naquele padrão: Nayama de Souza Leal, 31 anos, diabética tipo 1 desde 2007, em tratamento constante com bomba de infusão de insulina, etc). E levo também a receita discriminando TODOS os insumos que uso: agulha, cateter, qual tipo de insulina, reservatório, sensor, enfim, tudo: remédio e quantidade. Já visitei 9 países e nunca fui parada na imigração. As 2 experiências mais próximas disso aconteceu comigo no aeroporto de BH. Na primeira vez, o policial federal se assustou porque eu estava com uma caixa de agulhas. Mas mostrei a receita descrevendo o item e a quantidade, ele pegou a receita, mostrou para outra pessoa e voltou em seguida, me liberando. A outra vez foi numa porta de detector de metais. A bota que eu estava calçando apitou na porta, eu tive que tirar e a policial veio para me revistar. Ela perguntou o que era o aparelho, eu respondi e fui liberada na sequência.
Então, relatório descrevendo a condição de diabética e receita descrevendo todos os remédios e quantidade são indispensáveis. Com eles em mãos, dará tudo certo na sua viagem.
Beijos!
Obg.😘
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