Dialeto diabético: insulina basal, relação insulina/carboidrato e fator de sensibilidade
dicas janeiro 29, 2019
Parece que o mundo do diabetes
tem uma linguagem própria, um vocabulário exclusivo para quem é diabético.
Se você é diabético ou conhece
alguém que seja, e ainda não conseguiu decifrar os códigos, vem cá que vou te
ajudar com as 3 definições mais importantes para entender esse universo
paralelo.
INSULINA BASAL
O pâncreas libera insulina
para nosso corpo de duas formas: basal e bolus. Basal é a insulina
"base" que mantém todo o nosso corpo funcionando
bem. A insulina basal faz a glicose que o corpo produz entrar nas células, fornecendo
ao organismo energia para manter os órgãos vitais e tecidos em funcionamento.
Como nós diabéticos não
produzimos insulina, precisamos de um esquema no tratamento para garantir a
insulina basal no corpo.
As insulinas que imitam a
função da basal (que é liberada aos pouquinhos pelo pâncreas) podem ser: de
ação intermediária ou NPH, que duram cerca de 12 horas no organismo ou de ação
lenta, que duram cerca de 24 horas.
Eu já usei as duas: a NPH me
dava alguns picos, então eu tinha quedas de glicemia e não conseguia
controlá-la de forma efetiva. Mudei para a Lantus, que é de ação lenta e por um
tempo, resolveu bem minha vida. Com a NHP, eu fazia 2 aplicações de insulina
por dia e com a Lantus, apenas 1 aplicação.
E com a bomba, o aparelho
simula a função do pâncreas e libera pequenas doses de insulina ultra rápida ao
longo do dia, ou seja, a mesma insulina que eu uso para bolus.
Já que falei duas vezes sobre
“bolus”, essa é a outra forma que o pâncreas libera insulina no corpo, porém,
em grandes quantidades, em momentos de maiores necessidades, como após as
refeições.
RELAÇÃO INSULINA/CARBOIDRATO
Explicando de forma simples e
direta: a relação insulina/carboidrato é basicamente o quanto de insulina você
precisa aplicar para cada grama de carboidrato que ingere.
Essa relação é individual e
somente para os diabéticos que fazem contagem de carboidratos. Os números são
diferentes dependendo dos horários das refeições e da resistência do seu corpo à insulina.
Agora resgate seus dons em
matemática, porque vamos fazer contas!
Para todo adulto que inicia a
contagem de carboidrato, partimos de uma regra de três simples, onde 1 unidade
de insulina ultra rápida cobre 15g de carboidratos ingeridos. É assim que se
começa a contagem e no início há muito monitoramento da glicemias, para saber
se essa relação está correta. E a medida que as glicemias são analisadas, essa
relação muda.
Vou dar um exemplo MEU:
Em 2007, iniciei a contagem de
carboidratos. Minha relação insulina/carboidrato para o horário do almoço
começou com:
1 UI - 15g CHO
Ou seja, 1 unidade de insulina
ultra rápida cobre 15g de carboidratos ingeridos. Hoje, minha relação
insulina/carboidrato para o almoço está assim:
1 UI - 3g CHO
Isto é: eu uso 1 unidade de
insulina ultra rápida para cada 3g de carboidratos que eu como. Se no meu
almoço eu vou ingerir 30g de carboidratos, a regra de três é:
1 UI - 3g CHO
X
- 30g CHO
X = 30/3
X = 10 UI
Assim, se eu como 30g de CHO
no almoço, preciso aplicar 10 unidades de insulina ultra rápida.
Para cada horário do meu dia
eu tenho uma relação insulina/carboidrato determinada pela minha endócrino,
depois de muitas medições de glicemias e ajustes de dose.
Por isso, digo e repito, as
doses para o tratamento são individuais.
FATOR DE SENSIBILIDADE
O fator de sensibilidade é a
medida de quanto uma unidade de insulina ultra rápida é capaz de reduzir o
valor da glicemia.
Eu sei, eu sei, parece
complicado. Mas em termos práticos é assim: você mediu a glicemia e apareceu na
tela do seu glicosímetro 250mg/dL. A pergunta é: quantas de unidades de
insulina será preciso aplicar para diminuir a glicemia e fazer ela chegar a
140mg/dL? Para isso, você precisa saber qual é o seu fator de sensibilidade.
Para descobrir o fator de
sensibilidade, é feita uma conta padrão:
Soma-se todas as doses de
insulina que o diabético aplica no dia (insulina ação lenta + insulina ultra
rápida). Você vai achar um número e depois vai dividir 1800 por esse número.
No MEU caso, a conta seria:
60 UI por dia
1800/60 = 30
Assim, meu fator de
sensibilidade é 30. Então, para terminar a conta, vamos voltar ao exemplo da
glicemia 250. Para que eu consiga descobrir quantas unidades de insulina eu
preciso para diminuir a glicemia, a conta seria:
250 (valor da glicemia no
momento) - 140 (valor da glicemia a que quero chegar) / 30 (fator de
sensibilidade).
Melhorando:
250 - 140 = 110
110 / 30 = 3,7 UI
E voilà! Seria preciso 3,7
unidades de insulina ultra rápida para corrigir minha glicemia, se ela
estivesse 250mh/dL.
É isso galera. Parece difícil
no início, mas como praticamos todos os 3 termos de forma constante no
dia-a-dia, como tempo fica tão fácil quanto somar 1+1.