Essa tal espontaneidade...
Acho que a perdi há anos atrás, em meados de julho.
Ser diabética não é sinônimo
de ter uma vida completamente espontânea, isso porque o diabetes requer de nós
muito mais cuidados e atenção relativos ao tratamento.
O que eu quero dizer com
isso? Que as coisas na vida de um diabético precisam ser organizadas e
planejadas. E isso já detona a espontaneidade.
Vamos de exemplos?
Exemplo 1:
Se eu estiver na casa de
amigos e eles resolverem fazer uma viagem (rápida) para algum lugar, naquela
hora, eu não posso ir! Não assim, de supetão. Pense: preciso de suplementos
para a bomba (em caso de uma emergência como o cateter entupir, por exemplo),
eu preciso levar algumas balas (os tais 15g de carboidrato para tratar uma
possível crise de hipoglicemia), seringa, bolsa térmica. Preciso saber se vamos
dormir no local, se vai ter lugar para armazenar a insulina.
Exemplo 2:
Imagine que eu chego em caso
do trabalho, estou no pique, animada e decidi correr uns 30 minutinhos na
esteira. Posso apenas trocar de roupa, calçar um tênis e subir na esteira?
Claro que não! Primeiro, eu preciso me programar para fazer exercícios físicos
à noite: 1h antes é necessário diminuir a dose basal de insulina para 75%.
Então, antes de iniciar o exercício é preciso medir a glicemia. Se estiver
abaixo de 130 mg/dL eu preciso ingerir 15g de carboidratos, pois a
possibilidade de eu ter uma crise de hipoglicemia neste horário (noturno) é maior
quando pratico exercícios físicos.
Viu só?
Quando éramos adolescentes,
eu e minha irmã costumávamos trocar o dia pela noite nas férias. Não tínhamos
horários para comer e à noite, trocávamos fácil a janta por um pote de sorvete
com castanha de caju. Se eu fizer isso hoje, meu tratamento e minhas metas de
boas glicemias ficam completamente comprometidas.
Mesmo assim, eu me nego a
perder 100% da espontaneidade que antes fazia parte da minha vida. Tento
encontrar uma forma de equilibrar minha vida de passos planejados com minha
cabeça que adora viajar e conhecer coisas novas, assim do nada!